terça-feira, junho 14, 2005

Os livros da minha vida: 4 - Artificial Life, Steven Levy



A minha leitura de Artificial Life surge na sequência das pistas deixadas em Jurassic Park, e abriu-me o mundo das ciências da complexidade e das suas implicações em todas as áreas, da ciência à política. Lembro-me de ter ficado surpreendido na altura por ser doutorado em Biologia e não ter à mão uma definição de "vida". Devemos ser a única profissão que não consegue definir o seu campo de estudo...

As minhas leituras sobre a origem da vida e sobre a própria história da vida (recomendo, a este propósito, R. Fortey, Life: An Unauthorized Biography), mudaram a minha percepção da Biologia. O clique, desta vez, foi pôr toda a pilha de informação sobre os seres vivos actuais num contexto histórico e geológico. Pois não faz muito mais sentido estudar as coisas assim, integradas, em vez de obrigar as pessoas a memorizar factos desconexos? Mas foi o que me fizeram e, tanto quanto sei, continuam a fazer: duvido que haja muitos cursos de Biologia onde a problemática da origem da vida seja abordada (isso é deixado aos físicos!) ou onde as Zoologias e Botânicas do tempo do Darwin tenham substituídas por uma abordagem integrada e contextualizada (isso é deixado, pasme-se, aos geólogos!). Falar-se-á das novas visões da relação entre os grandes grupos de seres vivos? Falar-se-á da teoria endosimbiótica? Não sei, mas duvido. Poi se ainda recentemente, no contexto da reestruturação das áreas disciplinares do Departamento, se continuava a defender a separação em Zoologia e Botânica...

4 comentários:

Anónimo disse...

É só para responder às duas perguntas q fez. A respots é afirmativa para ambas. Sim, fala-se sobre as novas visões sobre a relação dos grandes grupos de seres vivos, e sim, fala-se da teoria endosimbiótica. Posso até dizer q se fala das várias teorias endosimbióticas. O q me leva a outra ideia. Sempre achei piada ao facto de, na Universidade dos Açores (é a q conheço,peço desculpa) um professor nao fazer a minima ideia do q outro dava na usa cadeira, mmo q as duas cadeiras estivessem intimamente relacionadas.

José Azevedo disse...

Ainda bem que achou piada, porque é mesmo capaz de ser a melhor estratégia: rir para não chorar...

Mais uma vez, touché...

Essa ausência de comunicação entre os professores universitários (que, infelizmente, não penso que seja só um fenómeno da UA) tem raízes históricas, mas é insustentável actualmente! A universidade está agora numa encruzilhada e, se quiser sobreviver, tem que enveredar por um caminho em que os professores têm que encarar o seu papel de formadores MUITO mais a sério. E isso implicará acertar curriculos, definir estratégias de ensino, preocupar-se com a aprendizagem.

Sendo eu um admirador de Ivan Illich (
Deschooling Society
), tenho, como dizem os ingleses, mixed feelings sobre a capacidade de a universidade portuguesa conseguir fazer essa transição.

Anónimo disse...

De facto, deve ser pq nunca fui pessoa de chorar pelo q quer q fosse q me ria. O problem nao tem, na verdade, piada nenhuma, e é gravíssimo q ocorra nas universidades portuguesas.

Sim, começo a aperceber-me q nao é apenas problema da UA, e parece-me q é até mais grave noutras universidades, como a de Lisboa ou Coimbra. Concordo q é uma situação insustentavel, e q é imperativo q a situação mude. Agora penso q nao é função para a "universidade" mas sim para os docentes. Têm apenas q começar a comunicar! Sei q é mais dificil dizer do q fazer, mas o esforço tem q partir de algum lado.

José Azevedo disse...

Esse é o principal problema para mim, neste momento: sabendo onde se quer chegar, como fazer as coisas andarem? Sobretudo quando "andar" envolve fazer outras pessoas mudarem mentalidades e modos de estar e de agir.

Às vezes tendo a ser drástico, e a pensar que certas pessoas não mudam MESMO, e que portanto a solução passaria por flexibilizar a carreira docente de forma que essas pessoas pudessem ser colocadas a fazer outra coisa qualquer que não ensinar numa universidade. Mas isso ia implicar uma ainda maior mudança de mentalidade noutras pessoas...

Estou pessimista, como se vê. Mas não estou parado. E sobretudo não escondo a minha incomodidade com a presente situação.