A conhecida frase de que há mentiras, grandes mentiras, e estatísticas diz mais acerca da natureza humana do que do ramo da Matemática nela mencionado. De facto, uma coisa é estudar estatística e outra é aplicá-la. E o teste t ou a ANOVA, tal como os martelos ou as chaves de fenda, podem ser bem ou mal empregues. A história humana está cheia de boas intenções que deram para o torto- lembro-me disso sempre que há a distribuição dos prémios Nobel. O bom do Alfredo acreditava que o poder da dinamite seria tão destruidor que acabaria com as guerras! E falar de ferramentas neste contexto remete-me também para o discurso brilhante de Ivan Illitch, que tão bem mapeou os limites para além dos quais as ferramentas se tornam elas próprias manipuladoras, um fim em si mesmas.
O magnífico artigo de Nassim Taleb, THE FOURTH QUADRANT: A MAP OF THE LIMITS OF STATISTICS, é por isso importantíssimo nos dias de hoje. Ouvi ontem o George Bush, atrapalhado, tentar justificar perante os americanos a necessidade de usar o seu (dos americanos) dinheiro para salvar da bancarrota os mesmíssimos agentes financeiros que levaram os mercados financeiros à beira da catástrofe. Não sabia era do papel da estatística no meio disto.
Mas este artigo tem várias outras linhas importantes de reflexão. Uma delas tem a ver com análise de riscos perante o desconhecido, que eu ligo às questões relacionadas com as mudanças climáticas actuais. Outra tem a ver com a relação entre redundância e estabilidade, que eu conhecia da ecologia de ecossistemas mas que foi interessante encontrar aqui, num contexto económico e com relevância para febre de redução de pessoal que atravessa agora a Função Pública.
Abri-vos o apetite? Espero que sim.