Poucas vezes nos damos conta de como a nossa compreensão do mundo que nos rodeia é baseada em metáforas. O "nicho ecológico" de uma espécie, por exemplo, é a "profissão" que ela ocupa no ecossistema. Percebe-se melhor do que dizer que é o volume que a espécie ocupa no hiper-espaço dos recursos disponíveis no ecossistema. E que fazemos quando "lutamos" contra o cancro ou outras doenças? Metaforizamos, claro.
Há toda uma área da filosofia dedicada ao estudo das metáforas conceptuais, as quais se encontram numa gama de temas que passa pela ciência mas que se estende da linguística à política.
A própria natureza é convertida em metáfora. Rosas vermelhas são paixão, representam o espírito creativo do amor, por exemplo, apesar de pertencerem à mesma família de plantas bastante mais prosaicas (se não menos sensuais), como as maçãs, as ameixas, as amêndoas, as cerejas, as peras, os pêssegos, os morangos...
Temos portanto um gosto por metáforas. Elas podem, no entanto, tornar-se perigosas se as tomamos pela realidade. Porque consistem na transposição de conceitos de uma área mais concreta para outra mais abstracta, simplificam-na e tornam-na mais acessível à compreensão. Mas não são a realidade, e isso deve estar presente quando decidimos agir. Ou definir uma linha de investigação.